Quem acompanha empresariALL já deve ter visto a
matéria “O que você precisa saber pra abrir seu próprio negócio?”. Lá, você
encontra alguns princípios básicos de como criar seu empreendimento.
Uma dica importante para
prosperar é conhecer histórias de empreendedores de sucesso para servir como
inspiração. Portanto, está na hora de você saber um pouco mais da trajetória de
Gil Tadeu Cristani, mais conhecido como “Tio Gil”, que faleceu no último dia 5
de março. Quem relata essa história é seu filho de 31 anos, Gil Cristani.
Gil Tadeu Cristani Créditos: Facebook - Rafael Cristani |
Tio Gil é natural de Concórdia,
Santa Catarina. Em 1977 chega à Foz do Iguaçu. Sua vida empresarial inicia
quando decide criar o seu primeiro negócio, uma banca de revistas na antiga Companhia
Brasileira de Alimentos (Cobal).
Graças à expansão da cidade por
causa da construção da Itaipu Binacional, em pouco tempo a pequena banca cresce
tanto que é necessário transferi-la para a região central, já com o nome de
Renapel. Era uma das livrarias mais relevantes da época.
Com três filhos e esposa, tudo
estava indo certo para Tio Gil até que ocorrem dois graves acontecimentos. Em
1987, um acidente de carro lhe tirou sua esposa Tânia. E, um ano depois, um
incêndio acomete os três andares da livraria. Com o dinheiro do seguro, consegue
reformar apenas o primeiro piso para continuar a tocar seu empreendimento.
Cristani opta por vender a
Renapel e compra um posto de gasolina em outra cidade. Guarda suas economias no
banco para “giro”. Até que chega o dia do anúncio do Plano Collor e a maior
parte de suas finanças fica retida pelo governo federal.
Sem dinheiro nem combustível
para manter o posto, não desanima diante da dificuldade. Transforma a
borracharia do local numa churrascaria para caminhoneiros. Quando a
tranquilidade volta, vende o posto e retorna a Foz do Iguaçu e ao mundo dos
livros.
Decide montar uma pequena
livraria para dar início a mais uma fase de sua vida. A Livropel expande-se rapidamente,
assim como todos os seus empreendimentos anteriores. Até o dia em que surge a
oportunidade de comprar novamente a Renapel, sua antiga paixão.
A partir daí, Tio Gil começa a
enfrentar graves problemas com fornecedores. Quem entregava as mercadorias tinha
receio de que as outras livrarias e bancas fechassem pela forte concorrência de
Cristani. Por isso, o fornecedor de revistas, jornais e livros decide não
entregar mais à Renapel. Essa atitude força o empreendedor a se deslocar por
diversas vezes na semana até Cascavel, a 130 quilômetros de Foz do Iguaçu, para
abastecer sua loja. Mas a ideia não dá certo por muito tempo.
Então, decide mudar o rumo de
seus negócios. Vende a livraria e abre um mercado no bairro Vila B. Porém, como
Foz do Iguaçu se expandia, grandes mercados se instalam e os moradores passam a
comprar só o estritamente necessário naquela pequena venda. Assim, mais uma vez,
um de seus empreendimentos vai por água abaixo. Mas a nova adversidade não impõe
limites à força de vontade do empreendedor. E Tio Gil busca novos caminhos.
Com R$ 70 compra dois carrinhos
de cachorro quente. Um na Rua Almirante Barroso e outro na Avenida Brasil. Cresce
num ritmo alucinante, ou como recorda seu filho, “na doidera dele”.
Depois de algum tempo, surge o quiosque
na Rua Edmundo de Barros. Em seguida, aparece a oportunidade de abrir na Rua Santos
Dummont. Sempre com uma visão diferente de todos, vislumbrando o futuro.
Tio Gil sempre falava: “Esse é
um pequeno grande negócio. Que um dia vai explodir!” Adaptava-se às
necessidades do mercado e buscava oferecer diferenciais para os clientes, sendo
sempre pioneiro em seus lanches.
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Logo depois, mais dois
quiosques são criados. Numa placa lia-se “io Gil” por conta de um “T” que caiu.
Nessa época surge o tão famoso X-Pila,
nome colocado pelo seu público que podia comprar um x-salada por apenas R$ 1. O
filho de Tio Gil chama a atenção para o fato que em nenhum momento da sua vida
empresarial seu pai usou esse apelido oficialmente. “Em nenhuma época usou na
fachada o X- Pila, sempre foi um nome que a galera atribuía”, relembra seu
filho.
Quando tudo se estabiliza, Tio
Gil casa mais uma vez. E seus três filhos também formam matrimônio.
São eles que levam adiante o
ideal de nosso protagonista. Tio Gil deixa suas lanchonetes nas mãos de seus
filhos e da esposa, Laide, que atende no ponto da Rua Edmundo de Barros.
A filha Ana Lúcia administra o
da Rua Santos Dummont, Gil Cristani o da Avenida República Argentina e o mais
novo quiosque na mesma avenida, próximo do Batalhão. Rafael dirige o seu Raffa
Lanches no mesmo local que estava o primeiro carrinho de cachorro-quente de seu
pai, na Rua Almirante Barroso, ao lado do colégio Caesp.
O futuro das lanchonetes pode
pertencer às franquias. A ideia é expandir nos próximos anos para não deixar que
o negócio se perca no caminho.
Gil Tadeu Cristani nunca foi
formado em qualquer curso empresarial, muito menos fez cursinhos preparatórios.
Tudo que ele aplicava era o que aprendia no dia a dia. Empreender estava na sua
alma. “Uma palavra que não sai da boca dele era trabalho, trabalho e trabalho”,
lembra seu filho.
WILLIAM RENATO
Muito legal. Não conhecia essa história. Os lanches ficarão mais saborosos agora que conheci essa linda história de família!
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