O fundo do poço da economia foi em
abril, diz o empresário Flávio Rocha, presidente das Lojas Riachuelo. A longa
temporada de números negativos nas vendas de varejo começou no fim de 2014 e
será deixada para trás depois de setembro. “O Natal já vai ser melhor”, aposta
ele. O setor perdeu 500 mil vagas na crise e, segundo o empresário, poderia
estar gerando muito mais empregos.
O Indicador Antecedente de Vendas (IAV)
mostra exatamente essa trajetória, como se pode conferir no gráfico abaixo. O
índice é resultado de consulta a 600 gerentes de compras das grandes empresas
de varejo e antecipa tendências. Pelo gráfico, se vê que o que foi previsto
pelo índice acompanha bastante o que realmente aconteceu nas verificações do
IBGE, na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). As piores expectativas foram em
abril, quando os executivos consultados esperavam uma queda de 10,9% nas
vendas. A PMC mostrou que a redução acabou sendo de 9%. Para os meses cujos
dados não saíram, a previsão é de quedas menores. Em setembro, a expectativa é
de quase estabilidade (-0,6%).
O varejo teve altas muito fortes durante
o governo do PT. De 2003 a 2013, as vendas cresceram 120%, mas as empresas que
fazem parte do Instituto para o Desenvolvimento de Varejo (IDV) aumentaram as
vendas em 700%. Mesmo com esse desempenho, Flávio Rocha sempre foi crítico do
governo Dilma, defendeu o impeachment, e acha que as perspectivas para o
governo Temer são boas. Acredita que o presidente interino, se for efetivado,
tentará fazer reformas necessárias, como a trabalhista. Faz uma comparação
impressionante.
— O varejo americano emprega 42 milhões
de trabalhadores e o do Brasil empregava 7 milhões e agora caiu para 6,5
milhões. Como os EUA têm 50% mais população, o Brasil poderia contratar muito
mais. O problema é que a legislação trabalhista no Brasil foi feita para a
indústria que trabalha de segunda a sexta e acumula estoques. O varejo não é
assim e deveria ter liberdade de contratar para as suas necessidades — disse
ele, numa entrevista que me concedeu na GloboNews. Segundo Rocha, a reforma
trabalhista tem que ter apenas um princípio: o de que o negociado entre
trabalhador e empresa se sobrepõe ao legislado.
O Brasil vive um longo vale em todas as
áreas, mas nada é pior do que o que está acontecendo no mercado de trabalho.
Havia 6,4 milhões de desempregados em dezembro de 2014 e pelos dados do segundo
trimestre de 2016, divulgados pelo IBGE, há 11,6 milhões. É urgente a criação
de mais empregos, mas o que os economistas estão prevendo é que a taxa
continuará subindo nos próximos meses porque a recuperação será muito lenta.
Flávio Rocha acha que a situação da economia vai melhorar e rapidamente.
— Não está havendo uma troca de governo
apenas, mas o fim de um ciclo que apostou no aumento do tamanho do Estado e
elevou impostos. A recuperação será rápida, será em “V”— disse.
Há dúvidas sobre se a retomada será
assim tão rápida. As famílias estão endividadas, o desemprego é um freio ao
consumo, até de pessoas que não foram diretamente atingidas, e as próprias
empresas estão endividadas. O governo não poderá ampliar investimentos por
estar em um enorme déficit fiscal. Mesmo assim, a expectativa dos empresários
de varejo é que nos setores de bens de menor valor, como vestuário, calçados,
livrarias e artigos esportivos, haja em agosto um resultado positivo de 1,8% e
em setembro de 2,8%. Mais rápido ou mais devagar, o importante é que o país
está começando a sair da longa recessão.
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