Uma das batalhas mais sangrentas da política é para conseguir se manter por muito tempo apenas com uma visão positiva na mídia.
Por exemplo, aquele ex-terrorista que liberou a maconha no Uruguai não tem nenhuma menção negativa na chamada "grande imprensa". Até porque é sabido que a grande maioria dos jornalistas brasileiros são chegados em terroristas. Em maconha, então...
Mujica pegou em armas para tentar implantar uma ditadura comunista no passado. E, no presente, abriu as portas da América Latina para o produção e consumo livre daquilo que já foi chamado de "mal do século". Mesmo assim, pode procurar, vai ser difícil encontrar alguma matéria que não o pinte como o pobre coitado do fusquinha azul que fez do Uruguai uma potência.
De 2003 a 2014, o governo federal brasileiro surfou como desejava numa mídia extremamente positiva. Até para criticá-lo, alguns jornalistas apelavam para comparações descontextualizadas com o passado ou com outros países. Tudo para aliviar a barra daqueles que não descem a ladeira no que se refere ao investimento publicitário, os governos petistas.
Mas 2015 chegou e a fonte secou. Sem dinheiro para manter sua horda de guerreiros com diplomas de jornalista, o governo federal começou a ver pipocar manchetes negativas contra si. Algumas apareceram em veículos totalmente alinhados à situação. Numa nítida estratégia de intimidação, cobrança ou fruto da necessidade de mostrar o óbvio para não cair no descrédito, ou pior, no ridículo.
Aos poucos, a mídia positiva se tornou negativa. As pautas eram sobre ministros que negavam denúncias, acerca da presidente negar os motivos para impeachment, sobre boatos que precisavam ser negados, indiciados que negavam envolvimento com escândalos, aliados que negavam apoio...não, não e mais não.
Mérito da oposição? Sim. Mas não dessa oposição de araque feita por partidos alinhados ao socialismo como PSDB, PSB ou PPS. A oposição de verdade veio das ruas, do cidadão comum que não perde tempo se filiando a partido político porque tem que trabalhar muito para bancar a maior carga tributária do mundo.
É no povo brasileiro, principalmente da classe média, que se concentra a maior força oposicionista do país. Portanto, essa força é legítima, pura e definitiva. É gente como a gente, que não aceita mais se comportar como bovinos obedientes e sabem que, se não houver união e mudança já, pode ser que o Brasil se transforme num paiseco diminuto. Um anão econômico.
Vamos ver até quando a imprensa brasileira manterá essa posição. E qual será o reflexo disso no restante da população e na classe política. A cobertura das manifestações de ontem será um indicativo de como nossos jornalistas se comportarão.
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