A privatização salvou o Brasil
de um colapso estatal sem precedentes na década de 1990. Refiro-me à
privatização saudável, aquela que proporcionou que hoje tivéssemos celulares de
três chips, diversos planos de telefonia fixa para escolher, internet banda
larga, opções de televisão por assinatura... só para ficar no setor de
comunicações. Outro ponto positivo é que as privatizações livraram o país de
diversas empresas públicas que não passavam de cabides de empregos ou veias
abertas da corrupção na mão dos políticos.
Mas também existe a
privatização ruim. Como a que aconteceu no setor de siderurgia na mesma época,
os constantes lotes rodoviários entregue às concessionárias de pedágio e a que
ocorreu há pouco com o pré-sal da Petrobras.
Entretanto, ainda há outra
privatização corrente no país e em nossas cidades. A do espaço público.
Já alertei para os absurdos
“vallets” que tomam vagas antes destinadas à sociedade para serem
comercializadas por restaurantes e casas noturnas em Foz do Iguaçu.
E também sobre mendigos e
marginais que disfarçados de flanelinhas ameaçam e achacam motoristas.
Agora, são empresas, edifícios
e até moradores que usam cones (ou coisa pior) para obstruir vagas de
estacionamento.
Na esquina da Rua Marechal
Deodoro com a Quintino Bocaiúva a situação se tornou insustentável. Em pleno
centro da cidade, à luz do dia e ao arrepio da lei um grupo de taxistas decidiu
“privatizar” vagas de estacionamento. Contrataram um pintor para demarcar, no
chão, mais vagas para seus carros.
Um pouco além, do outro lado da
Quintino Bocaiúva, motoqueiros pintaram listras amarelas no chão e colocaram
cones para estacionar motos com exclusividade.
Mais abaixo, uma churrascaria
desde bem cedo impede que qualquer motorista estacione em suas vagas privatizadas
separadas com cones.
Isso que o órgão municipal de
fiscalização do trânsito, Foztrans, fica na mesma rua!
Alguns lojistas reclamarão que
o uso de cones é a alternativa para preservar as vagas para seus clientes.
Alguns moradores chiarão porque veículos pesados estacionam em frente às suas
casas. Moto-taxistas e motoristas em geral alegarão que estão apenas
trabalhando. Mas está errado. Ponto final.
Quando uma empresa ou
residência abre mão do seu próprio espaço para destinar às vagas de automóvel,
pode fazer o que bem entender com ele. Por exemplo, se um supermercado quiser
cobrar pelo estacionamento, tudo bem. Se um condomínio decidir alugar suas
vagas durante o dia para clientes externos, ok. Mas se cada um colocar um cone
na frente da sua loja ou demarcar vagas públicas da rua onde mora como se
fossem de sua propriedade, daqui a pouco não haverá mais espaço para estacionar
em lugar nenhum.
A via pública é de todos e não
pode, sob nenhuma alegação, ser privatizada.
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