Greve é um direito e ponto final. Mas votar em
branco também é um direito e não deixa de ser uma besteira.
A greve é um instrumento a ser utilizado quando não
há mais nenhuma alternativa ao trabalhador que não seja cruzar os braços para
forçar que o empregador aceite as exigências sob o risco de prejuízo
individual.
Acontece que quando a greve é de servidores
públicos, o empregador é o Estado e os prejudicados são todos os cidadãos.
Quando uma escola pública para, os políticos não terão que faltar ao trabalho
para cuidarem das crianças. Porque todos os políticos mantêm seus filhos
estudando em escolas particulares. Quem sofre é a população. É a própria classe
trabalhadora que os grevistas juram defender.
Nunca consegui entender como um grupo de
manifestantes acha que vai atingir um governante queimando ônibus, por exemplo.
Atenção, “militontos” e bandidos: político não anda de ônibus! É sua mãe, seu
irmão, seu amigo, sua empregada ou seu patrão que precisarão ralar para chegar
ao trabalho ou à escola.
Da mesma forma, a sociedade não pode mais admitir
que sindicatos mobilizem greves em nome dos filiados apenas para manter
privilégios ou por mera disputa política.
O professor que faz greve por maiores salários
poderia ter consciência que o serviço que presta não fará com que a maioria dos
seus alunos atinja o seu patamar salarial. O salário inicial de um docente do
Distrito Federal, por exemplo, é de R$ 5.423, ou seja, sete vezes e meia o
valor do salário mínimo.
Se eu acho muito? Não! O professor é historicamente
a classe mais desprestigiada do Brasil. E também por isso a desmotivação é
constante nas salas de aula. Mas a pressão poderia ter outro foco. A ministra
de Relações Institucionais recebe R$ 27.454 líquidos para fazer menos que um
docente de meio período. O da Educação leva pra casa R$ 20.537 limpinhos todo
mês. Só que ninguém monta piquete em frente aos ministérios.
O policial federal que faz greve deixa vácuo na
única força efetiva de combate aos grandes crimes públicos no Brasil. Assim
como na segurança da nação. Policiais civis e militares, então, nem se fala.
Pois são garantia de que os bandidos ainda contam com algum enfrentamento, já
que os brasileiros estão proibidos de portar armas para se defender.
Além disso, na mesma legislação que garante o
direito de greve consta que os abusos serão coibidos na forma da lei. Só que
você já viu algum sindicato pagar por lucros cessantes ao pai ou mãe que faltou
ao trabalho para cuidar do filho que não foi à aula por causa da greve? Algum
sindicalista bancou o taxi da dona de casa que não pode ir ao médico de ônibus
por causa da greve? Alguém já ficou sem um tostão no bolso porque nem os caixas
eletrônicos os grevistas alimentavam e foi até o sindicato sacar dinheiro? E
aí, caro leitor, conhece uma só pessoa que já foi ressarcida na forma da lei?
A greve sempre causa transtornos. Quando a greve é
num serviço privado fica muito mais fácil para o consumidor migrar para o
concorrente. Por isso é raro haver greve na iniciativa privada.
Evidente que a greve de servidores públicos só
serve para prejudicar a população. A mesma que paga os salários dos grevistas.
Quem ingressa numa atividade por concurso público, sabe quanto vai receber
mensalmente. Aliás, é a primeira coisa que os “concurseiros” olham. Esqueça
vocação ou mera afinidade com a função. Geralmente o que importa é a grana e a
estabilidade.
E aqui não está se tratando de greve por condições
dignas de trabalho ou para coibir abusos. Mas de grevistas que abusam até de
monopólios estatais para trazer o caos ao país para forçar aumento salarial. Ou
quando os Correios entram em greve você consegue receber e/ou enviar
correspondências com facilidade?
O direito de greve é uma conquista. E deve ser
tratado com o respeito que merece. E quem não estiver satisfeito com seu
rendimento e não encontrar acolhimento de seu pleito junto ao empregador pode
pedir o chapéu e buscar outra ocupação.
A população também precisa ser levada em conta,
pois em regra geral é a maior prejudicada com as paralisações. Os contribuintes
arcam com os impostos que servem ao pagamento dos salários dos funcionários
públicos e ainda fica sem os serviços em períodos de greve.
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