Foz do Iguaçu vive um momento histórico justamente
no ano do seu centenário. Enquanto a forte repressão ao comprista esfria o
comércio com o Paraguai, novos investimentos monumentais são anunciados.
Bourbon Rio, Hampton, Ibis, Mabu Interludium e Porto Madero são alguns dos
hotéis novos que a cidade ganhará até 2015. O comércio iguaçuense também contará
com dois novos shopping centers de grande porte - Catuaí e Palladium - que somarão
aproximadamente 500 novas lojas ao mercado local.
Mas a cidade tem condições de receber esses
investimentos?
Para Roni Carlos Temp, presidente da Acifi (Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu), as
duas redes não investiriam em Foz do Iguaçu sem dados concretos que mostrassem
como nosso mercado é promissor. ‘‘É preciso ver os shoppings como investimento
regional. O crescimento do agronegócio no oeste paranaense e do Paraguai como
um todo é benéfico para Foz,’’ destaca Temp.
Como empresário, dono de uma loja de rua que vende
materiais elétricos, ele acredita que a concorrência é sempre salutar. Diante
dessas novidades, o empreendedor da cidade que terá concorrentes dentro dos novos
centros comerciais precisará se profissionalizar ainda mais para manter-se no
mercado. “Mais do que nunca será necessário treinamento. Empresários acomodados
sofrerão, mas isso é parte da globalização”, finaliza. Temp lembra do momento da
inauguração do Shopping JL, há 7 anos. Na época, temia-se que a proximidade com
o comércio de Ciudad del Este esvaziasse o novo centro comercial construído por
um empresário de Cascavel. Hoje, percebe-se que há muito movimento no JL,
principalmente na praça de alimentação.
Para Ivone Barofaldi, que acumula a
vice-prefeitura e a Secretaria de Comércio, a cidade caminha para um grande
desenvolvimento. Além dos shoppings, são esperadas 32 novas indústrias.
Barofaldi, que também é lojista do ramo calçadista, defende que as cidades
fronteiriças tracem o desenvolvimento de forma integrada e que a vinda dos
novos shoppings fortalecerá o comércio local. ‘‘O Palladium trará lojas âncoras
focadas em alimentação para concorrer com os restaurantes do Paraguai e da
Argentina, principalmente. Enquanto a expectativa do Catuaí é atender aos paraguaios.’’
Segundo Barofaldi, os empresários que
atualmente são proprietários de lojas de rua não ficarão desamparados.
“Criou-se a Secretaria de Captação de Investimento e Inovação para trabalhar
com o comércio local e evitar seu enfraquecimento com a chegada desses novos
shoppings. Atualmente, o comércio de Foz é forte. Algumas lojas podem até ser
chamadas de mini shoppings”.
Nas ruas, o que se vê é um mix de
otimismo e incredulidade. A cidade é apenas a 530ª no ranking nacional de renda
per capita. Possui um considerável mercado consumidor e soma mais de 260 mil
habitantes, mas a população economicamente ativa não chega a metade disso.
Mesmo com a alta informalidade, o desemprego salta aos olhos.
As dores do crescimento já foram
fortemente sentidas em terras iguaçuenses, como na época da construção da Usina
Hidrelétrica de Itaipu. Com a ameaça do fim do turismo de compras na fronteira
com o Paraguai, os empreendedores locais precisam reforçar ainda mais suas
atuações. Um novo ciclo econômico se avizinha e o futuro ainda é incerto. Ao
completar 100 anos de vida, Foz do Iguaçu tem uma grande
prova de fogo pela frente: desenvolver-se a partir do seu próprio umbigo.
Nossa equipe tentou localizar por telefone e também por e-mail o presidente do
Sindilojas, Carlos Nascimento, mas não obteve sucesso.
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