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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Um ano sem o empresário "Jeca Espetinhos"

Quem é empresário conhece as obrigações inerentes à atividade. Arcar com todos os tributos e impostos; a concorrência que cresce a cada dia; as inúmeras responsabilidades trabalhistas, entre outras tantas tarefas que o empreendedor enfrenta no seu dia a dia. Esses desafios são aceitos quando se decide ser dono do próprio negócio. 
Mas as tragédias provocadas pela ausência de segurança para os empresários são obstáculos difíceis de superar. A insegurança é rotina não só em Foz do Iguaçu, como em todo o país. Nas próximas semanas lembraremos casos que ocorreram na cidade pela falta de segurança. Ouviremos, com exclusividade, familiares de alguns empresários e também as autoridades.
Há alguns anos, depois de uma partida de futebol que avançou a madrugada, ele olhou pra mim e disse: “Somos quem mais vende cerveja em garrafas em todo o Paraná. Até já tentei comprar direto da Ambev, mas não consegui.” Assim era Geverson Luiz Venson, popularmente conhecido como “Jeca”. Sempre iluminava qualquer conversa com alta carga de simplicidade e empreendedorismo. Infelizmente, há um ano ele foi assassinado.
Aquele inesquecível 22 de setembro de 2013 choca os iguaçuenses. O dono do Jeca Espetinho morre de forma brutal em uma suposta tentativa de assalto à sua residência. Sua empresa do ramo de alimentação crescia a cada dia, pois ele era um grande empresário que deixou sua marca em Foz do Iguaçu. Seja pela forma de trabalhar, ou pela forma que recebia a todos os seus clientes.
“O Jeca era um homem [...] trabalhador, gostava muito de conversar e por esse motivo fez muitos amigos. Sabia falar com um presidente e também com um mendigo. Tratava seus funcionários como amigos. Brincava, brigava como uma família. E, aos clientes, tinha um enorme interesse sobre eles. Gostava de saber tudo sobre seus clientes. Qual era a profissão, onde morava do que gostava. Por isso fez muitos amigos”, conta Lilian Raquel Rubenich, viúva de Jeca Espetinho.
Numa outra oportunidade em que este colunista conversou com Jeca, o divertido empresário contou que tinha assistido ao programa que apresento no canal de televisão por assinatura Foz TV por vários dias seguidos. Então, exclamei minha alegria por ele finalmente ter feito a assinatura do referido canal. Mas ele não deixou nem eu terminar de comemorar: “Não assinei, nada não. É que fiz uma cirurgia no nariz e fiquei internado no hospital. Como não tinha mais nada pra fazer, assistia ao teu programa’’, disse antes de dividirmos as gargalhadas.
O jeitão que alçou aquele jovem desempregado a ampliar seus negócios em outras cidades da região, e até no Paraguai, cativou inclusive o apresentador Luciano Huck. Em seu programa de cobertura nacional na TV Globo, Huck estreou o quadro “Mandando Bem’’ contando que, graças ao Jeca, a terra das cataratas também poderia ser conhecida como terra dos espetinhos.
Passado um ano da tragédia, a empresa Jeca Espetinhos continua a atender o público de Foz do Iguaçu e região. Agora com administração feita pela família do empreendedor. Sua viúva é responsável pela loja do bairro Vila A. “Nós dois sempre trabalhamos juntos. Então, eu sei fazer todo o trabalho dele, tarefas de banco, etc. É claro que não com a mesma inteligência dele’’, revela Lilian.
Segundo ela, o caso foi resolvido e há uma condenação a 23 anos de prisão. Dos três bandidos que participaram do crime, um está preso, outro já foi solto e há um foragido. Lilian deixa um alerta aos empresários que confiam demais nos empregados. Foi um funcionário que ajudou os outros criminosos a armar contra o chefe.
A Polícia Civil também foi procurada para informar sobre assaltos e latrocínios cometidos contra empresários locais. Para não atrapalhar as investigações, foi solicitado sigilo. Entretanto, o delegado operacional, Luis Rogério Sodré, lembra que além de Jeca, outros dois casos foram satisfatoriamente resolvidos pela autoridade policial paranaense.
O caso de Eduardo Mezomo, morto a tiros em abril deste ano, em uma tentativa de assalto. E o de Inaudi Savaris, que será lembrado na próxima empresariALL.
“Os últimos 3 casos de maior relevância [...], foram solucionados rapidamente pela Polícia Civil de Foz do Iguaçu” reforça Sodré.

Ele insiste na orientação de passividade do cidadão de bem diante dos bandidos. O policial recomenda que em casos de abordagens criminosas, “não se deve reagir a qualquer forma de assalto, pois os indivíduos não tem nada a perder e sempre estão bem mais preparados que a vitima.”

Jeca era um homem feliz. Sonhava alto, apesar de ser muito simples. ‘‘Seu prazer era trabalhar, contar piadas, jogar futebol, pescar, viajar e, principalmente, ficar em casa sem fazer nada’’, conta a viúva.
Todo empresário paga muito para receber pouca segurança estatal. Praticamente toda empresa é obrigada a contratar algum dispositivo alternativo para salvaguardar seu patrimônio, funcionários e proprietários. A falência do Estado em proteger o cidadão é uma realidade vivida diariamente que precisa ser mudada. Os comerciantes da região central já se manifestaram para solicitar mais policiamento na área. Outros empresários em outros bairros também seguem na mesma direção.
Se não há polícia suficiente e competente na rua, a sensação de medo e insegurança continuará. E ficará difícil para quem precisa trabalhar e fazer o que gosta.
Na semana que vem, traremos a realidade vivida pela família de Inaudi Savaris, outro empresário de referência em Foz que morreu enquanto gerava riquezas para o país.



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