Você já deve ter ouvido o
famoso ditado popular que declama: - Vão-se os anéis e ficam os dedos. A máxima
consagra que é preferível perder bens materiais, como as joias, a se desfazer
de sua essência, seu corpo, sua vida. E preservar a possibilidade de
reconquistar os anéis perdidos. Até porque, se alguém ficar sem os dedos não
haverá como ostentar anéis.
Mas para um comerciante
iguaçuense o ditado se inverteria. Há pouco mais de dois anos, o empresário
Inaudi Savaris era vítima de latrocínio enquanto trabalhava na sua joalheria.
Na última edição de empresariALL,
foi abordado o caso que ceifou a vida do também empresário iguaçuense conhecido
como Jeca Espetinho. Agora, quem será lembrado é Inaudi Savaris, outro
empreendedor que se tornou referência na cidade em seu ramo de atuação.
Aquele 4 de julho de 2012,
seria o último dia em que Inaudi Savaris trabalharia na Savaris Joalheiros,
loja muito conhecida da população local situada na principal avenida central de
Foz do Iguaçu.
A data que aterrorizou a
família ficou marcada pelo tiro desferido por um bandido numa tentativa de
assalto à joalheria.
A partir daquela manhã, o
empresário nunca mais atenderia seus clientes com a cordialidade que lhe era
característica. “Ele foi sempre muito agradável com as pessoas. Tinha o dom de
ouvir o que o cliente queria. Sempre com muita sinceridade, honestidade e
simplicidade sugeria o melhor presente”, desabafa Alani Savaris, viúva do
empresário.
Infelizmente, o crime se tornou
uma variável importante dos negócios. Todas as empresas se veem obrigadas a
contratar alarmes, monitoração, câmeras, travas, guardas, comprar estruturas
reforçadas, grades para portas e janelas e, em alguns casos, recorrer até a
ajuda de algum animal feroz para tentar espantar os assaltantes.
Basta dar um pulo em qualquer
loja do Paraguai para perceber que as câmeras e os sistemas de monitoramento
por imagem são alguns dos produtos mais vendidos. No ano passado, o mercado de
sistemas eletrônicos de segurança registrou crescimento quatro vezes maior que
os demais setores da economia, fechando o ano de 2013 com faturamento de R$ 4,6
bilhões no Brasil.
Enquanto o depoimento de Alani
Savaris era colhido, ela se lembrou de outros casos de assaltos às joalherias.
“O ramo joalheiro é lindo, ele está presente nos melhores momentos da vida das
pessoas que nos cercam, mas ele é muito visado e causa muita preocupação e
estresse para quem vive nele”.
O medo está em toda parte. Se
esse crime ocorreu no centro nevrálgico do comércio iguaçuense, que concentra
muitos comerciantes de variados setores, fica difícil imaginar o que passam os
empresários dos bairros da cidade.
Quando a Polícia Militar se faz
presente, gera efeito positivo até mesmo para a economia. Com mais segurança
nas ruas, o cliente se sente à vontade para fazer suas compras e deixa mais
dinheiro no caixa das empresas. Estas, por sua vez, repassam parte do seu
faturamento via impostos ao Estado que acaba remunerando os policiais que estão
na rua. Se o ciclo é virtuoso e pode ser implementado, o que está faltando?
Quem corre mais riscos são
sempre os empresários. Indefesos, se transformam em alvos fáceis dos bandidos.
Principalmente em comércios com peculiaridades bastante específicas como o caso
de lojas de câmbio, supermercados, lotéricas, bancos e joalherias.
A Savaris Joalheiros, que tinha
mais de 60 anos de tradição em Foz do Iguaçu, fechou suas portas. Alani Savaris
e sua filha abriram uma pequena empresa de gravações em placas de homenagem.
“Já oferecíamos, através da joalheria, os serviços de gravações em placas de
homenagens e personalização em presentes. Então, decidimos seguir neste
segmento” ressalta Alani.
A morte de Savaris ganhou
enorme repercussão. A população se mobilizou e foi às ruas reivindicar mais
segurança. Empresários, trabalhadores, familiares e amigos prestaram dessa
forma uma nobre reverência ao empreendedor morto.
O caso já foi resolvido. O
latrocida que invadiu a joalheria e deflagrou um disparo contra a cabeça de
Savaris foi condenado a 26 anos de prisão. Se ficasse encarcerado durante toda
a pena, ao sair da cadeia o bandido teria passado mais tempo preso do que em
liberdade. Mas no Brasil isso não acontece. Enquanto os marginais gozam de
inúmeros privilégios, os empresários (que também pagam por todo o sistema
público prisional) pagam até com a vida por vislumbrar um país mais rico e próspero.
Mais de dois anos depois do
crime, quem conheceu Inaudi Savaris ainda sente muito a sua falta. ‘‘Nossa
família até hoje ainda não se recuperou. Pois foi filho, irmão, tio, marido,
pai e avô exemplar! Um amigão de muitos amigos que deixou muita saudade!’’
conta emocionada a viúva.
Durante essas entrevistas
especiais buscou-se descobrir qual seria o maior desafio de um empresário. É
marcante saber que, se não bastassem todas as responsabilidades que uma empresa
impõe, cada empreendedor precisa atentar-se para o bem maior, a vida! Uma frase
da viúva de Inaudi Savaris resume bem: “O grande desafio de todos é poder sair
de casa, pela manhã, rumo ao trabalho e poder voltar com vida. Pois quando
fechamos a casa e saímos podemos também, estar nos despedindo!”
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