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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Ficaram os anéis e os dedos se foram.







































Você já deve ter ouvido o famoso ditado popular que declama: - Vão-se os anéis e ficam os dedos. A máxima consagra que é preferível perder bens materiais, como as joias, a se desfazer de sua essência, seu corpo, sua vida. E preservar a possibilidade de reconquistar os anéis perdidos. Até porque, se alguém ficar sem os dedos não haverá como ostentar anéis.
Mas para um comerciante iguaçuense o ditado se inverteria. Há pouco mais de dois anos, o empresário Inaudi Savaris era vítima de latrocínio enquanto trabalhava na sua joalheria.
Na última edição de empresariALL, foi abordado o caso que ceifou a vida do também empresário iguaçuense conhecido como Jeca Espetinho. Agora, quem será lembrado é Inaudi Savaris, outro empreendedor que se tornou referência na cidade em seu ramo de atuação. 
Aquele 4 de julho de 2012, seria o último dia em que Inaudi Savaris trabalharia na Savaris Joalheiros, loja muito conhecida da população local situada na principal avenida central de Foz do Iguaçu.
A data que aterrorizou a família ficou marcada pelo tiro desferido por um bandido numa tentativa de assalto à joalheria.
A partir daquela manhã, o empresário nunca mais atenderia seus clientes com a cordialidade que lhe era característica. “Ele foi sempre muito agradável com as pessoas. Tinha o dom de ouvir o que o cliente queria. Sempre com muita sinceridade, honestidade e simplicidade sugeria o melhor presente”, desabafa Alani Savaris, viúva do empresário. 
Infelizmente, o crime se tornou uma variável importante dos negócios. Todas as empresas se veem obrigadas a contratar alarmes, monitoração, câmeras, travas, guardas, comprar estruturas reforçadas, grades para portas e janelas e, em alguns casos, recorrer até a ajuda de algum animal feroz para tentar espantar os assaltantes.
Basta dar um pulo em qualquer loja do Paraguai para perceber que as câmeras e os sistemas de monitoramento por imagem são alguns dos produtos mais vendidos. No ano passado, o mercado de sistemas eletrônicos de segurança registrou crescimento quatro vezes maior que os demais setores da economia, fechando o ano de 2013 com faturamento de R$ 4,6 bilhões no Brasil.
Enquanto o depoimento de Alani Savaris era colhido, ela se lembrou de outros casos de assaltos às joalherias. “O ramo joalheiro é lindo, ele está presente nos melhores momentos da vida das pessoas que nos cercam, mas ele é muito visado e causa muita preocupação e estresse para quem vive nele”.
O medo está em toda parte. Se esse crime ocorreu no centro nevrálgico do comércio iguaçuense, que concentra muitos comerciantes de variados setores, fica difícil imaginar o que passam os empresários dos bairros da cidade.
Quando a Polícia Militar se faz presente, gera efeito positivo até mesmo para a economia. Com mais segurança nas ruas, o cliente se sente à vontade para fazer suas compras e deixa mais dinheiro no caixa das empresas. Estas, por sua vez, repassam parte do seu faturamento via impostos ao Estado que acaba remunerando os policiais que estão na rua. Se o ciclo é virtuoso e pode ser implementado, o que está faltando?

Quem corre mais riscos são sempre os empresários. Indefesos, se transformam em alvos fáceis dos bandidos. Principalmente em comércios com peculiaridades bastante específicas como o caso de lojas de câmbio, supermercados, lotéricas, bancos e joalherias.
A Savaris Joalheiros, que tinha mais de 60 anos de tradição em Foz do Iguaçu, fechou suas portas. Alani Savaris e sua filha abriram uma pequena empresa de gravações em placas de homenagem. “Já oferecíamos, através da joalheria, os serviços de gravações em placas de homenagens e personalização em presentes. Então, decidimos seguir neste segmento” ressalta Alani.
A morte de Savaris ganhou enorme repercussão. A população se mobilizou e foi às ruas reivindicar mais segurança. Empresários, trabalhadores, familiares e amigos prestaram dessa forma uma nobre reverência ao empreendedor morto.




 O caso já foi resolvido. O latrocida que invadiu a joalheria e deflagrou um disparo contra a cabeça de Savaris foi condenado a 26 anos de prisão. Se ficasse encarcerado durante toda a pena, ao sair da cadeia o bandido teria passado mais tempo preso do que em liberdade. Mas no Brasil isso não acontece. Enquanto os marginais gozam de inúmeros privilégios, os empresários (que também pagam por todo o sistema público prisional) pagam até com a vida por vislumbrar um país mais rico e próspero.


Mais de dois anos depois do crime, quem conheceu Inaudi Savaris ainda sente muito a sua falta. ‘‘Nossa família até hoje ainda não se recuperou. Pois foi filho, irmão, tio, marido, pai e avô exemplar! Um amigão de muitos amigos que deixou muita saudade!’’ conta emocionada a viúva.
Durante essas entrevistas especiais buscou-se descobrir qual seria o maior desafio de um empresário. É marcante saber que, se não bastassem todas as responsabilidades que uma empresa impõe, cada empreendedor precisa atentar-se para o bem maior, a vida! Uma frase da viúva de Inaudi Savaris resume bem: “O grande desafio de todos é poder sair de casa, pela manhã, rumo ao trabalho e poder voltar com vida. Pois quando fechamos a casa e saímos podemos também, estar nos despedindo!”

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