Fazer propaganda de estatal monopolista já é um tremendo desperdício. Num momento em que se descobre que essa empresa é assaltada por políticos, então...
Parece que a administração da Petrobras está desconectada da realidade. Em seu universo paralelo, torrar milhões em propaganda vai sublimar a raiva de quem paga uma das gasolinas mais caras do mundo e ainda vê todos os combustíveis com viés de alta.
Claro que os menos desavisados não compreendem que esse tipo de investimento, principalmente em programas jornalísticos, não visa a atender ao consumidor nem ao pagador de impostos. Trata-se de uma estratégia de plantar mídia positiva nos grandes veículos de comunicação.
Aí surge um ciclo vicioso bancado pelo contribuinte. Quanto mais escândalos são descobertos e divulgados pela imprensa, mais grana a Petrobras torra para abafá-los.
Basta o jornalista fazer o seu papel e o contato comercial também. Pronto. O faturamento do veículo de comunicação vai lá em cima e leva junto o preço do litro da gasolina nos postos.
Mas essa "ação entre amigos" pode estar perto do fim. O Conar, órgão que regulamenta a publicidade no Brasil determinou que a Petrobras altere o comercial criado pela empresa sob o mote de superação que tenta reverter os danos de imagem causados pelo escândalo de corrupção.
Pode ser que a verba destinada à "operação abafa" não diminua. Mas pelo menos vão ter que passar um óleo de peroba na cara de pau de quem aprova esses anúncios.
O mesmo vale para outras estatais que utilizam de sua verba publicitária para forjar uma opinião pública favorável. Na região trinacional, até uma candidatura a prefeito quase saiu porque uma grande empresa pública bancava publicidade inclusive em revista de fofocas de subcelebridades.
A decisão do Conar atendeu a uma representação feita do deputado José Carlos Aleluia (DEM). Segundo ele, a propaganda era "mentirosa". "É criminoso fazer uma propaganda dessa, que em nada condiz com a verdade, ainda mais diante de um escândalo desses. É jogar dinheiro público fora", declarou. Em nível local, está difícil surgir algum político que tenha culhões para denunciar tais atitudes.
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