Quer andar de carro velho, amor?

Romi-isetta, o primeiro automóvel fabricado em série no Brasil a partir de 1956. 
O compacto para dois adultos e uma criança fazia 25 km com apenas um litro de gasolina. 

Há tempos a propaganda da Ipiranga já dizia que você e eu somos “apaixonados por carro como todo brasileiro”. Desde o tempo da "Romiseta" os motoristas tupiniquins já adoravam levar a vida dentro de um automóvel.

Mas toda paixão tem seu preço. E o do automóvel parece que não está mais tão atraente ou o bolso do brasileiro não anda tão cheio como se propala.

É que a venda de carros caiu em 2013. Foram emplacados 60.000 automóveis de passeio e comerciais leves a menos do que no ano anterior. Foi a primeira vez que houve redução de vendas desde 2003.

A indústria pode ser obrigada a pisar ainda mais forte no freio. A Argentina, um dos principais importadores de veículos brasileiros, já avisou que vai cortar a compra de automóveis estrangeiros em até 27,5%. Atualmente, de cada 5 carros que rodam pelas estradas argentinas 2 são fabricados no Brasil. Geralmente veículos de pequeno porte já que os automóveis de alto padrão do país vizinho são importados da Europa, Japão e México.

Por aqui, na véspera do ano novo, a General Motors demitiu 400 funcionários. A maioria trabalhava na extinta linha de produção do sedã Classic em São José dos Campos, São Paulo, e recebeu a notícia por meio de um telegrama enviado pela montadora. A empresa já havia demitido 600 trabalhadores em março do ano passado.

Outras fábricas também demitiram e, nessa esteira perversa, levaram muitas indústrias de autopeças a também reduzirem seus quadros de colaboradores. Novas demissões estão previstas para esse ano. O aumento do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados – e a obrigatoriedade do air bag e dos freios ABS - sistema que evita o travamento das rodas - elevarão o custo médio dos automóveis e as vendas devem cair ainda mais.

Parece que o brasileiro vai ter que se contentar com o velho amor, pois uma nova paixão está cada vez mais difícil de conquistar.
Foto: redetec.org.br